Reforma da Previdência ainda divide base aliada no Congresso

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A reviravolta com a revisão da delação dos executivos do grupo J&F e as notícias positivas na economia brasileira melhoraram o ambiente político para o governo, mas ainda são insuficientes para garantir a aprovação da reforma da Previdência, avaliam líderes dos principais partidos da base aliada na Câmara ouvidos pelo.

De acordo com essas lideranças, suas bancadas continuam reticentes a votar a matéria, mesmo uma reforma mais enxuta, em razão do custo político de aprovar uma proposta impopular a pouco mais de um ano das eleições de outubro de 2018.

A avaliação vem principalmente do chamado Centrão – grupo do qual fazem parte PP, PR e PSD. “A votação continua complicada. O motivo é o custo político para a eleição do próximo ano”, disse o líder do PR, José Rocha (BA), que comanda a quinta maior bancada da Câmara, com 38 deputados. Para ele, mesmo uma reforma mais branda, como se discute nos bastidores, também enfrentará resistência. “O governo não teve a capacidade de fazer a população entender o que ela representa para o País. Então, qualquer mudança que se faça para minorar as perdas não convence mais a população.”

À frente da terceira maior bancada, com 46 deputados, o líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL), também avalia que a proximidade com as eleições afeta a votação da reforma da Previdência, considerada o principal projeto com o qual a equipe econômica conta para tentar equilibrar as contas públicas. “Pode ter tido um arrefecimento normal, mas, para a Previdência, não. Quanto mais perto da eleição, mais difícil fica. Vai ter desgaste de todo jeito”, afirmou.

Mais vigor

O líder do PSD, Marcos Montes (MG), avalia que o quadro melhorou, mas que é preciso ter cautela. “O reconhecimento do Ministério Público da fragilidade das denúncias deu um fôlego para o governo. Mas temos de aguardar essas novas delações. Se for branda para o presidente, então será a hora de pensar em avançar nas reformas com mais ousadia”, disse ele, que lidera a sexta maior bancada da Câmara, com 37 deputados. Montes ressalta que é preciso que a economia reaja com “mais vigor”, com uma recuperação do emprego “mais evidente”, para que o custo político de aprovar a reforma diminua.

“Mesmo com as boas notícias, este tema continua a ser um grande desafio para o governo”, avaliou o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), à frente da oitava maior bancada da Câmara, com 29 parlamentares. Segundo ele, o governo ainda enfrenta “muitas resistências” para aprovar a proposta no plenário. “O governo falhou muito na comunicação, e a guerra da desinformação acabou prevalecendo. O governo acabou caindo na armadilha da oposição. Foi inábil ao não fazer chegar à sociedade a mensagem de que a proposta viria para combater privilégios e trazer mais justiça social e fiscal para viabilizar o desenvolvimento do País.”

Para o líder do PSDB na Casa, Ricardo Trípoli (SP), a reforma da Previdência ainda não pode ser votada, pois faltam “ajustes” em alguns pontos. Um deles, diz, é em relação ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo ele, a bancada defende a manutenção das regras, ou seja, que continue sendo pago para pessoas pobres acima de 65 anos de idade ou portadoras de deficiência. Para o tucano, contudo, a votação proposta não deve ser contaminada por fatos políticos externos. “O custo político está na seriedade, na ética”, disse.

Governo

A percepção dos parlamentares é diferente da do governo. Durante esta semana, ministros deram declarações no sentido oposto: de que a reviravolta na delação de executivos do grupo J&F e a melhora dos resultados na economia abriram a janela de oportunidade para votação da reforma. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), por exemplo, defenderam a votação da matéria neste ano.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também adotou discurso mais otimista. Na quinta-feira, ele afirmou que pretende pautar a votação da reforma no plenário em outubro. Para ele, com a ajuda do governo, há condições de alcançar o quórum necessário para votar a proposta. A matéria está parada desde maio, quando a delação dos executivos da J&F foi divulgada.

Fonte: O Estado de Minas

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