Especialistas: rombo da Previdência foi ‘manipulado’ por reforma

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O rombo 18,47% maior da Previdência Social no ano passado pode ter sido resultado de uma “manipulação” do governo para tentar aprovar uma reforma no sistema de aposentadorias do País, segundo especialistas do setor ouvidos pelo R7.

De acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (22) pelo Ministério da Fazenda, o déficit da Previdência somou R$ 268,79 bilhões em 2017, contra R$ 226,88 bilhões do ano anterior.

Para o professor de economia da UnB (Universidade de Brasília) Roberto Piscitelli, o número “astronômico” divulgado pelo governo tem a finalidade de “causar impacto na sociedade” e “constranger parlamentares” para que seja aprovada a reforma do sistema de aposentadorias em tramitação no Congresso.

— Eu entendo que esse número é falso, manipulado e não corresponde à realidade porque mistura coisas totalmente diferentes, coloca tudo no mesmo saco e divulga esse número astronômico que causa, evidentemente, um forte impacto na sociedade.

A diretora de cursos do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) e especialista no setor, Jane Berwanger, afirma que os dados do governo são “frios”, o que, segundo ela, gera uma dúvida a respeito de como foi chegado ao valor.

— Teria que apurar um pouco mais esses dados para ver como se chegou até eles. A gente já viu e a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] mostrou que esses dados são bastante manipulados.

Já o pesquisador da Fipe/USP Paulo Tafner, classifica o rombo de R$ 268,79 bilhões como “parte de uma história já prevista há décadas”.

— Está chegando a hora de explodir. Para aqueles que falam que não tem déficit, fica evidente que tem déficit a cada ano que passas. O déficit é grande e é crescente.

Tafner numera três itens para justificar o salto de 18,5% do rombo previdenciário em 2017: o envelhecimento da população, o efeito da reforma 85/95 e a antecipação da aposentadoria ocasionada pela tramitação da reforma da Previdência.

Ao defender a mudança no sistema de aposentadorias, o pesquisador da Fipe pede que os governantes e a população tenham “bom-senso” e escolham “sobreviver ao invés de ir para o abismo”.

— É melhor votar a Previdência do que ser eleito e amanhã alguém te perguntar ‘como você deixou o País ir para essa situação?’. É o que vai acontecer.

Após a divulgação do rombo de R$ 268,8 bilhões da Previdência em 2017, o presidente Michel Temer também saiu em defesa da aprovação da reforma.

Pelo Twitter, o presidente afirma que o resultado é “mais uma prova da necessidade de um sistema previdenciário sustentável”.

— A aprovação da reforma vai garantir o equilíbrio das contas públicas e possibilitar mais investimentos, geração de emprego e renda.

Fonte: R7

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